
Morreu nesta quinta-feira (05/12) o ex-presidente da África do Sul Nelson Mandela, aos 95 anos. Após mais de meio século de vida pública, entre cargos políticos e lideranças sociais, o Prêmio Nobel da Paz deixa um legado de combate à segregação racial em que usou, entre outras armas, o esporte.
A relação de Mandela com os exercícios físicos e práticas esportivas nasceu muito cedo, ainda na adolescência. Assim que iniciou seus cursos de graduação, tornou-se adepto do boxe, o qual praticava com destreza, mas de forma amadora. Na época, também começou a rotina de caminhadas e corridas que seguiria até os 80 e poucos anos, enquanto a saúde permitisse. O cenário para suas andanças podia variar – as ruas de Johanesburgo, a cela minúscula de Robben Island em que passou grande parte de seus 27 anos como preso político ou a vizinhança de sua moradia presidencial.

A entrada para a vida política nos anos 1950, quando se tornou membro do Congresso Nacional Africano, afastou Nelson Mandela definitivamente do boxe, mas seu envolvimento com o esporte ganharia contornos de arma social logo que ele assumisse a presidência da república, em 1994, quatro anos após deixar a prisão. O líder observou que uma maneira de apaziguar as discrepâncias raciais ainda remanescentes do extinto apartheid seria unir brancos e negros sul-africanos em torno das mesmas torcidas.
Naquela época, havia uma distinção muito clara entre o esporte de cada um dos povos. Os brancos praticavam o rúgbi. Os negros, o futebol. Não se via 'intromissão' nem mistura nessas modalidades, e um grupo odiava o esporte do outro. Mandela, quando jovem, era um dos que repudiavam o Springboks, time de rúgbi da África do Sul. Assim que chegou ao poder, viu que era a hora de parar.
Empossado em 1994 como primeiro presidente eleito por voto universal no país, Nelson Mandela ajudou a África do Sul a ganhar o direito de sediar a Copa do Mundo de rúgbi do ano seguinte. Era uma ousadia. Por conta do apartheid, o país, ainda que fosse uma potência da modalidade, estava riscado das grandes competições esportivas. Foi só depois que Mandela saiu da prisão, por exemplo, que a nação voltou a disputar as Olimpíadas e, enfim, entrou nos Mundiais de futebol.
Mais do que levar o torneio de rúgbi para o país, o grande objetivo do líder era reunir toda a população em apoio aos Springboks. Tarefa impossível, aos olhos de alguns, e até mesmo perigosa.

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